Quase um anos após ser empossado, em 2013, o prefeito de Betim Carlaile Pedrosa (PSDB) e o então governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, concederam um pacote de benesses para os cidadãos betinenses que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) do município. Na época, eles assinaram um convênio para a construção de 29 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em Betim, em um curto prazo de tempo, com investimento de R$ 36,8 milhões. Contudo, quase dois anos depois, nos locais onde deveriam estar sendo inauguradas ou pelo menos iniciadas as obras dos 29 postos, o que a população encontra é apenas lixo, entulho e muito matagal.
Ao longo desta semana, a reportagem visitou os endereços das 29 unidades que deveriam ser construídas, segundo documento entregue à reportagem na época pelo então secretário municipal de Saúde, Mauro Reis. Nos locais, moradores, indignados, falaram sobre a promessa não cumprida e os problemas enfrentados na região.
É o caso do cabeleireiro Leonardo Garcia, 25. Morador do bairro Alto do Boa Vista, ele lembrou da promessa feita pela prefeitura da instalação do posto de saúde na rua Amoreira. No terreno, entretanto, nos deparamos com um espaço abandonado, repleto de lixos e sujeira.
“Esse local seria uma UBS, mas ficou só no projeto. Tinha até uma placa aqui da prefeitura com gastos de milhões para a conclusão da obra. Já teve dois canteiros de obras. Nunca foi gasto nada aqui, o que existe é só lixo. Se tivesse um posto de saúde aqui, isso seria muito bom para a população da região. Espero que, pelo menos, tirem o lixo daqui”, desabafou.
Outra moradora revoltada é a auxiliar de serviços gerais Eduarda Garcia, 21. “Esse lote virou um verdadeiro lixão. O Carlaile tinha que tomar vergonha na cara e olhar pela população do Citrolândia. Se não vão fazer uma UBS, como prometido, que façam uma praça para a gente ter lazer. É um transtorno ir para outros postos, temos que andar muito. Se prometeram construir a UBS e tinha verba para isso, temos que saber porque não fizeram”.
No terreno onde deveria ter sido construído a UBS Trincheira, na região do Citrolândia, a situação de abandono não é diferente. No local, em vez de um posto de saúde, o que existe é apenas mato e acúmulo de lixo. “Moro aqui há quase há oito anos e frequento a UBS do Trincheira. O atendimento é bom lá, mas o espaço é uma casa alugada e não oferece infraestrutura para o atendimento dos pacientes. Se construíssem uma UBS perto de nós ajudaria muito a população, principalmente, para evitar o excesso de lixo acumulado nesse terreno”, disse a moradora Luzia Alves, 54.
No Vila Bemge, outro local visitado, o mato estava tão alto que até bodes estavam se alimentando no local.
Posicionamento
A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde disse que ainda não recebeu os repasses para iniciar a construção das unidades. “A secretaria ressalta que aguarda um parecer do governo do Estado”.
Já a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde declarou que a atual gestão se comprometeu a dar andamento a todas as obras e projetos iniciados e não finalizados na gestão passada. “Eles estão passando por uma revisão para entendermos cada projeto, redefinir os prazos e orçamentos”.